domingo, 15 de abril de 2012

Capítulo 9: A perseguição termina

Jah Biroba finalmente estava aliviado. Sua canção havia aplacado a fúria vegetal de Pau Ladinha. Mas isso agora podia ficar de lado, pois o senhor da floresta iria ajudar o grupo de aventureiros a atravessar a floresta em direção ao barco de Mur Ronusrim e seus amigos, na esperança de alcançar Eutoku Utérror ou pelo menos encontrar vestígios de sua fuga.

E o auxílio de Jah Biroba se mostrou valioso. O ent se locomovia pelo mato com destreza espantosa. Afinal de contas, ele era o lorde daquelas terras selvagens (e saia em debandada dessa mesma forma quando fugia de Pau Ladinha). No seu trajeto, ele conversava com os animais. Trespassava riachos e lagos com vigor. Fazia malabarismos com os cipós das grandes árvores, dignos do melhor artista circense (“essa manobra eu faço sem a rede de proteção”, gabava-se).

O ritmo do ent era tão intenso que não poderia ter sido acompanhado pelos aventureiros. Mas isso não se mostrou um grande obstáculo. A equipe se amontoou dentro de Borgan III, a canoa de Sinsalabim, que foi carregada nos braços de Jah Biroba. (Diga-se de passagem que a banda de sopro e cordas não estava mais com o grupo, pois eles tomaram outro caminho). Pode-se dizer que a viagem foi radical. Até demais. A sensação de estar dentro da jangada era a mesma de se estar na mais violenta montanha-russa. Vômitos não eram raros. Súplicas pela “mamãe” também não. Jah Biroba não ajudava, pois dava umas sacudidas na jangada só para se divertir.

Mas no final das contas, o resultado se mostrou positivo. Em questão de uma manhã e uma tarde, chegaram à praia onde Mur Ronusrim havia atracado o seu barco. Todos esperavam pelo pior. Mas acabaram se surpreendendo. A embarcação de Mur, o “Ginete do Mar”, estava ainda lá, ao lado dos destroços da nau queimada de Eutoku, o “Potreiro Oceânico IX”. Utérror não havia se apossado do vaso de seu rival. Mas por quê? A resposta era mais simples do que parecia.

O “Ginete do Mar” não era um barco muito grande, mas requeria um exímio marujo para movê-lo sozinho. Eutoku Utérror era um péssimo navegador. Seus mercenários é que haviam conduzido o “Potreiro Oceânico IX” até ali. Certa vez, quando o imediato gritou “Olha a Proa!!!”, Eutoku, pensando que o sujeito era meio caipira, respondeu “Sim! De milho!!”.

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Mas também não era nenhuma surpresa que Eutoku não sabia nada sobre os ofícios de um grumete. Sua vida sempre foi em terra firme, onde começou servindo no exército da cidade-estado de Talagassus. Sua função era a de batedor e, entre seus camaradas de trabalho, encontrava-se Mur Ronusrim.

Naquela época, Utérror se desiludiu completamente com suas funções militares. Quando se alistou, pensou que “batedor” era aquele que podia espancar os inimigos sem dó, piedade ou responsabilidade. Ficou perplexo quando vieram para cima dele com um papo de “reconhecimento”. A partir daí, sempre se mostrou indisciplinado e desgostoso com o trabalho. Mur Ronusrim era o contrário: tinha conhecimento exato do que deveria fazer e se dedicava às suas tarefas.

Tal antagonismo explodiu durante uma missão onde os dois deveriam fazer o reconhecimento das defesas do castelo de um tal Marquês Ticaipucha, que havia trocado de lado em um conflito entre cidades-estados da região. Na ocasião, os dois acabaram sendo capturados. Durante os interrogatórios, Ronusrim não contou nada, mesmo sendo ameaçado de ter seu bigode magicamente oxigenado. Utérror, por sua vez, encontrou ali uma oportunidade: mudou de lado, contou tudo e mais um pouco, e ainda conseguiu um emprego nas tropas do marquês, para assim exercer a sua visão do cargo de “batedor”. Mur Ronusrim foi jogado em um calabouço.

Algum tempo depois, com a derrota de seu lado no conflito e sendo procurado pelas autoridades de Talagassus, Eutoku Utérror se tornou um mercenário, atuando em prol das escórias endinheiradas da região. Mur, libertado com o fim das hostilidades, deixou de ser um soldado e se tornou um caçador de recompensas.

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O grupo se despediu rapidamente de Jah Biroba. O ent estava com pressa, pois Pau Ladinha não perdoaria mais atrasos. Tão logo as despedidas terminaram, todos foram averiguar o barco: estava intacto, sem nenhum sinal de atividade, fora a catinga deixada ali por um bando de micos que aparentemente promoveram festins dentro da nau.

A conclusão natural era que Eutoku ainda devia estava na ilha. Sinsalabim tinha uma teoria de que o fugitivo devia ser um baita nadador, mas ninguém deu atenção. Mur prontamente começou a rastrear pistas que indicassem a localização do seu rival. Estava difícil. Sinsala queria ajudar, mas apenas conseguia avacalhar com os rastros encontrados pelo meio-elfo.

Finalmente, depois de percorrer um grande pedaço da praia (Sinsalabim sempre atento, temendo encontrar farofeiros), e depois de se embrenhar brevemente na floresta, o grupo seguiu os vestígios até uma caverna encravada em uma grande montanha.

Sinsalabim, Mur, Difarola Ceso, Cerel H’lepis e Bri'o'Cu invadiram a escuridão da gruta. Após algum tempo, o caminho se dividiu em três. Decidiram se separar, Sinsalabim e Cerel indo pela direita, Mur e Difarola tomando a trilha da esquerda, Bri'o'Cu embrenhando-se pelo rumo central.

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Cerel e Sinsalaba caminhavam já há algum tempo, seu caminho sendo iluminado por uma mágica do feiticeiro halfling. De repente, chegaram ao final da trilha, e se depararam com um paredão de pedra.

- Pelo jeito o Eutóku não veio por aqui. – Falou Sinsalabim, fingindo uma cara de decepcionado, mas feliz por dentro por não ter que se envolver em uma peleia com o vilão.

- Sim, vamos voltar e... espere! – interpelou Cerel – Estou sentindo uma coisa!

- Pois é... lanchei a pouco uns risoles temperados com naquinhos de porco selvagem...

- É muito forte!

- Bem... comi uns natchos acebolados também...

- Uma presença indiscutivelmente mágica!

- O quê!? Então aquelas cebolas que o Jah Biroba me deu eram encantadas? Aquele sac... bem... é inegável que elas estavam estupendas...

- Sinsalabim... a presença mágica vem desse recinto aqui! Sem dúvida não são os seus risoles e natchos, porque quando percebi que a tua situação estava braba, usei o feitiço do climatizador aromático “odores da primavera” há poucos minutos... – Explicava Cerel, quando apontou repentinamente o dedo. – Alí! Naquele monte de pedras!

Havia uma pilha de rochas amontoada cuidadosamente no canto da gruta. Seria praticamente impossível notá-la sem a percepção arcana de Cerel H’Lepis, porque, além de o monte ter sido cuidadosamente arquitetado para chamar a menor atenção possível, o limo tomava conta das rochas, o que a camuflava ainda mais. Os dois companheiros afastaram os pedregulhos até que se depararam com um pedaço de pano. Era uma vela de navio. O objeto, tomado por lodo, mofo e sujeira, estava embrulhando duas caixas de madeira.

O halfling agarrou a que possuía formato cúbico. Lançou cuidadosamente um feitiço para abrir a trava. Dentro, encontrou mais um embrulho: era um mapa. Ele envolvia um artefato metálico em formato cilíndrico que tinha cerca de 20 centímetros de largura, ornado com complexos arabescos curvilíneos. No mapa, estava desenhada toda a costa leste do continente, com todas as ilhas cuidadosamente representadas. Um “X” estava gravado em um ponto bem no meio do oceano.

- O que você acha, Sinsalabim?

- Isso aí é de colorir? Ahn... tu pode me dar uma forcinha na minha trava aqui?

Com a ajuda de Cerel H’Lepis, Sinsalaba abriu o seu caixote, mais fino e mais largo que o outro. Dentro do recipiente, o estóico aventureiro encontrou uma capa cuidadosamente dobrada. Ela era de um azul-marinho extremamente intenso e escuro. Suas bordas apresentavam detalhes em ouro e prata. Sinsalabim, fascinado pelo achado, prontamente vestiu o item.

- Não seria melhor estudar um pouco os objetos para saber quais são seus propósitos, antes de sair usando eles sem qualquer cuidado? – perguntou H’Lepis.

- Hahaha. Você se preocupa de mais. O que poderia acontecer de errado? Só porque na última vez que usei um item mágico uma cabeça brotou da minha bunda? Está tudo dominado... curte só como fico garboso com o manto aqui!!

Os dois então começaram o caminho de volta.

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Bri'o'Cu estava precisando suar a camisa. Seu caminho era tortuoso, difícil. A cada minuto, precisava realizar grandes feitos acrobáticos para vencer obstáculos naturais como penhascos, caminhos estreitos e paredões de pedra. E, praticamente a cada barreira vencida, apareciam monstros das profundezas querendo almoçá-lo.

Finalmente, se deparou com um precipício enorme, instransponível. Não havia mais como avançar. O rakshasa, fulo da vida, não conseguia acreditar. Tudo aquilo para nada. Mas então uma faísca de alegria tomou conta dele. Ele notou que havia escritos e desenhos primitivos nas paredes de rocha ao lado da cratera profunda. “Conhecimento ancestral, sem sombra de dúvida”, falou para si mesmo.

O idioma era extremamente antigo. Bri'o'Cu só conseguiu decifrar as palavras porque conhecia um dialeto parecido, menos obscuro e menos ancião, uma variação daquele linguajar remoto. Após longos minutos de exercício mental ele leu:

“Esse é o fim da linha. Seu imbecil. Devia ter escolhido a porta número dois ou número três. Hahahahaha”.

Além disso, havia uma série de desenhos rústicos espalhados pelo “mural” de pedra. Esses sim deviam ser valiosos para qualquer estudioso de antropologia ou de arqueologia.

Mas isso pouco importava para Bri'o'Cu, que se encontrava em um estado de raiva insana. Ele, que estava coberto com as substâncias mais asquerosas e nojentas imagináveis, oriundas das criaturas que teve de derrotar para chegar ali, utilizou tais fluidos para pichar todos os desenhos. Delineou bigodes, carrancas, mudou o sentido das cenas ali representadas... ficou uns 15 minutos nessa empreitada.
Então, começou a jornada de volta, que certamente seria tão desgastante como a vinda.

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Na trilha da esquerda, Mur Ronusrim e Difarola Ceso estavam andando em estado de alerta, procurando serem os mais silenciosos possíveis. Porém todo o cuidado da dupla não foi o suficiente. Eutoku Utérror estava ali, e sabia que uma hora ou outra os seus inimigos iriam aparecer. Ele estava de tocaia em um canto obscuro da caverna.

Quando notou que Mur e Difarola estavam vindo, esperou o momento certo e pulou em cima deles rapidamente, feito um gato marrom com listras pretas que prefere comer ração à tarde e não ao alvorecer, dormindo assim boa parte da manhã e da noite. Conseguiu dominar Difarola e fazê-la de escudo humano, agarrando-a com o braço esquerdo e colocando uma adaga rente a seu pescoço. Mur percebeu com atraso a ação de Utérror, mas prontamente apontou sua besta para o vilão.

- Acabou, Mur. – Disse Eutoku para o meio-elfo. – Se você e seus companheiros não me deixarem ir, eu acabo com a garota aqui.

- Será que sua adaga é mais rápida que minha besta? – indagou Ronusrim.

- Você é patético. Esse teu virote vagabundo nem arranha minha armadura fodástica enfeitiçada. Bwahahahahaha!!

- Então experimenta isso! – Urrou Difarola, que com um movimento rápido com o calcanhar, acertou em cheio as castanhas de Eutoku. Mas Utérror nada sentiu.

- Hahahaha!! Sua idiota! Eu tenho uma coquilha mágica também! Vocês nada podem comigo!

- E como você pretende fugir? Você não sabe navegar sozinho! – bradou Mur.

- É só uma questão de eu encontrar aquela bandinha. Eles estão sob contrato ainda. Eles podem me ajudar. Hahahahahaha!!

Mur ficou mudo por uns intantes. Eutoku continuava rindo. Então, o meio-elfo começou a gracejar.

- Pfffhihihihihihi... – começou o meio-elfo, e logo em seguida começou a gargalhar. Em poucos segundos, tanto Mur quanto Eutoku estavam rindo desenfreadamente.
De repente, Mur mirou sua besta para cima. A arma talvez não fosse forte o suficiente para vencer a armadura mágica de Eutoku. Mas conseguia penetrar em uma estalactite. E foi exatamente isso que aconteceu. Logo em seguida, um grande pedaço cônico de concreção calcária encontrou a cabeça de Utérror, que mesmo com seu elmo (que lembrava uma cabeça de cachorro, com dois olhos cartunescos, o focinho insinuando-se para a frente e um par de orelhas caindo quase até os ombros nas laterais), não resistiu em caiu redondo no chão.

Rapidamente Eutoku foi amarrado. Mur o agarrou e, junto com Difarola, todos foram em direção à saída da caverna.

E agora o que acontecerá com o grupo, agora que Eutoku Utérror foi finalmente capturado? Que mistérios envolvem os itens mágicos encontrados por Sinsalabim e Cerel H’Lepis? Será que Penel Lop e Bri'o'Cu se encontrarão novamente?

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Capítulo 8: Da história de Bri'o'Cu, dos olhos brilhantes e de uma serenata

O cansaço enfim pegou nossos bravos heróis em cheio. Mur, Cerel e Difarola rapidamente montaram acampamento usando material que encontraram em alguns kits de aventureiro prevenido, e logo descansavam sob o calor de uma pequena fogueira o reencontro havia sido bastante emocionante e lhes consumira as ultimas energias.

Já Jah caminhava solenemente em direção ao norte da floresta onde ele sabia residia Pau Ladinha, e caso alguem conseguisse distinguir a face de um ent, veria a sua frente nas feições de Jah um misto de tristeza, pavor e vontade de se transformar em um cupim atroz e sair adubando a floresta. Atras dele caminhava a bandinha de cordas e sopro que discutia acaloradamente sobre qual melodia iria ser tocada - alguns sugeriam a famosa canção melosa das terras longiquas do sul extremo "Sai de casa pois cansei da galhada"enquanto outros insistiam em algo mais rock and roll com a música das ilhas tropicais do norte polar "Não me boline quando andar na garupa". E no final da fila uma pessoa tentava mesclar-se ao grupo fingindo que um dente de madeira era uma flauta.

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Enquanto isto Bri'o'Cu acordava de seu desmaio, observou ao redor e viu três de seus captores dormindo tranquilamente. Levantou-se e facilmente rompeu as cordas que o segurava. Enquanto caminhava um pouco pra sentir seu corpo observeu suas mãos e pés, até chegar a um espelho da agua onde passou a observar seu rosto. "Quantos anos teria se passado desde seu aprisionamento?" O seu corpo era igual a como ele lembrava, era se como todos aqueles séculos não tivesse passado. Os rakshasa, são homens-tigre, com um corpo humano com pelagem, garras e a cabeça de um tigre.
Bebeu um pouco de agua e voltou para junto do acampamento. Podia tranquilamente acabar com aqueles aventureiros que dormiam aos seu pés, mas não achou nenhum motivo para isto. Na realidade começou a perguntar-se se afinal não seria melhor continuar preso no oblivio já que não tinha lugar algum pra chamar de lar, tampouco uma familia pra chamar de sua. Enquanto pensava nisto as ultimas lembranças antes do antes de sua punição.

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"Ladinha meu amor eu sei que está aí. Vim até aqui para mostrar que estou arrependido." A um sinal de cabeça que quase arrancou duas arvores próximas, a bandinha começou a tocar alegremente, e todos aguardavam a recital de Jah. Porém as salavras não saiam de sua boca, gotas de seiva escorriam abundantes por sua face e seus os galhos tremiam como uma vara verde. Quando Jah pensou que estava tudo perdido escutou uma voz conhecida que lhe soprou algumas palavras e sem raciocinar Jah as repetiu quase gritando.
"Pau Ladinha, Pau Ladinha que delícia esta tua busanfinha."Ao terminar a frase a floresta ficou muda exceto por uma risada que ecoava pelas arvores vinda do amago de Sinsalabim que rolava no chão de tanto rir.
"O que significa isto Sinsalabim? Pau Ladinha é uma senhora de respeito." Falou Jah ao ouvido de Sinsalabim. "Tá ok, huhuhhu, deixa pra mim. Estou tendo umas idéias para a serenata, huhuhuh começa assim..."

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"A tua presença foi do que mais senti falta

No abrigo escuro onde me escondia..."

Rakshasa -
antiga raça que durante anos dominou completamente o Vale das Mortes Infinitas pelo medo e poder. Este vale por eras foi um local sagrado para diferentes raças: anões, elfos, trolls guerrearam por gerações pelo supremacia, até a vinda da tribo dos Rakshasa.
O Rakshasa se mostraram uma tribo feroz e cruel e apesar de seus poucos membros, derrotava seus inimigos com ferocidade e poderosos feitiços arcanos. Neste ínterim encontrava-se Bri'o'Cu, destinado a ser o novo líder do clã, após derrotar todos os jovens da tribo pelo manto de chefe. Antes de realmente assumir a liderança, passou por treinamentos insanos nas artes do combate, conjuração, subterfúgio e até escrita. Pois apesar de uma tribo bárbara os Rakshasa dão extrema importância a leitura e o conhecimento de maneira geral, mas principalmente o arcano.

"Não esqueço até hoje de teu explendor
De teu fulgor que fez sumir os males que me afligia..."

Era como uma incursão qualquer em um vila élfica, consistia de matar e pilhar o maior número de casas, e Bri'o'Cu liderava alguns guerreiros da tribo. A tarefa corria bem, os sentinelas foram devidamente derrubados com magias de sono e desorientação e logo o ataque começou. A vila era pequena e os poucos homens capazes de lutar, não ofereciam muita resistência contra a força dos rakshasa. Bri'o'Cu já exaltava urros de vitória quando surpreendeu-se com um forte barulho seguido de uma explosão, vinda de uma das casas mais distantes. Correu para aquela direção e assustou-se com a cena que viu pelo caminho, corpos de seus companheiros cortados e incinerados por um fogo azulado. A cena que viu a seguir tirou-lhe o pouco de folego que tinha.
Lutando contra 5 rakshasa sobreviventes estava apenas um elfo que segurava firme uma espada fina e bem trabalhada em uma mão e na outra um cajado este rústico em contraste com a beleza da espada. O elfo estava banhado pelo sangue dos oponentes derrotados e mesmo assim não dava mostra de cansaço Devendia os golpes de garras dos rakshasa com a espada e com o cajado se protegia das magias e lançava contra ataques com ambas as armas, com tal maestria que Bri'o'Cu perguntava-se se mesmo ele seria capaz de derrotar tão feroz oponente.
Um a um os rakshasa foram tombando, mutilados pela espada ou queimados pelas chamas azuis invocadas pelo elfo. Quando o seu ultimo guerreiro caiu Bri'o'Cu avançou. A ira pela vitória que tornara-se derrota deixava sua face ainda mais monstruosa. A sede de sangue o tornara um predador. Ele não se importava mais com a desonra de atacar um oponente já exausto. Entoando um feitiço de proteção contra as chamas ele avançou. Como previra o oponente usara sua chamas letais, mas Bri'o'Cu estava protegido e facilmente passou ileso por elas e suas garras já estavam indo em direção a jugular do inimigo quando parou de súbito.
Mesmo coberta pelo sangue e por machucados Bri'o'Cu enfim percebeu que não se tratava de um elfo, mas sim de uma elfa. A criatura mais bela que ele já vira em sua vida e o que lhe mais chamara a atenção foram os olhos, de um verde brilhante e ferozes como o mais poderoso dos felinos. A jovem arfava e aproveitou o tempo dado pela confusão de Bri'o'Cu para correr em direção a casa que estava ali próximo. Bri'o'Cu voltou a si e correu atras dela, e logo a alcançou.
"Se tens alguma honra em si como dizem, deixarás vivas as criaturas naquela casa." Suplicou a elfa enquanto apontava para a casa atrás de si.
"Então sabe quem eu sou? E quem és tu elfa? Jamais chegou aos meus ouvidos que os elfos tivessem tão poderoso campeão e muito menos que fosse uma mulher." Perguntou Bri'o'Cu enquanto tentava desviar o olhar daqueles olhos penetrantes.
"Todos conhecem o nome de Bri'o'Cu, o Assassino, o Tirano, o Honrado. Tu possuis muitos nomes, mas é conhecido por todas as raças como o Flagelo das Mortes Infinitas. E eu me chamo Penel Lop, da família Char Moza, desfensora da tribo dos Elfos Selvagens dos Pantânos Fétidos e Escuros."
Bri'o'Cu então sob o olhar severo de Penel, caminhou até a casa em questão e abriu a porta. Pelo santo do olho viu que Penel tentava se mover, mas o feitiço silêncioso imposto por ele não a permitiu se mover. Para surpresa dele a casa estava abarrotada de crianças. Mas não só elfos, mas de todas as outras raças que habitavam o vale, entre eles um pequeno rakshasa. E junto deles alguns adultos feridos também de várias raças em camas improvisadas.
"O que significa isto Penel? Sabes que as tribos vivem em guerra como ousa mantér sob o mesmo teto estas crianças como se fossem irmãos da mesma tribo?" Bradou furioso Bri'o'Cu.
"Olhe para eles Bri'o'Cu, diga-me se assim lhes parece tão necessária a vida em torno da guerra e do sangue. E se estão assim és por tua causa. A minha pequena tribo tem como missão reunir os orfãos de guerra e convalescentes abandonados e cuidar como se fossemos irmão de tribo, como falastes."
"E com qual intenção? De mais tarde os usar, suas cabeças como troféu ou mesmo como instrumento de coerção?"
A elfa chegou sorrir da mentalidade de Bri'o'Cu apesar da situação que se encontrava. "Não caro Bri'o'Cu, é porque acreditamos que somente esta atitude pode livrar-nos deste ciclo de ódio e destruição que assombra este vale."
"Somente quando uma tribo governar sobre as outras é que a paz reinará pelo vale."
"Ah... então é assim que pensas. No fundo nosso objetivo é o mesmo caro Bri'o'Cu. Então que tal uma aposta?"
"Tu não estás em condição de barganhar comigo, mulher."
"Deixe a mim e estas pessoas vivas e mostrarei-lhe que posso unir todas as tribos deste vale e te derrotarei e tornarei-lhe meu servo."
"E caso eu me torne o senhor deste vale?"
"Aí de bom grado tornar-me-ei tua esposa."
Aquela idéia era rídicula, Bri'o'Cu sabia que jamais poderia ter uma mulher que não partilha-se do seu sangue. Jamais ousaria ter uma criança com o sangue dos fracos elfos, a tribo jamais o respeitaria. Mas não conseguiu negar o fascínio que aquela mulher o causava. Tentava a todo custo não olhar diretamente para o seu rosto, mas falhava vergonhosamente. Sabendo que aquele ato era por si só insano e imprudente, pois em um futuro próximo provavelmente ela estaria morta, talvez até pela suas próprias mãos, Bri'o'Cu aproximou-se da elfa e usou o resto de sua força para entoar um feitiço de cura, que não era sua especialidade mas ainda assim surgiu resultado.
"Vá embora, leve estas pobres almas contigo e prometa-me uma coisa." Disse Bri'o'Cu ao dar as costas a elfa. "Que até me tornar o senhor deste vale tu não morrerás e passaras aquele filho dos Rakshasa todo teu poder e conhecimento."
"São duas coisas." Respondeu a Penel enquanto se dirigia a casa onde os refugiados espiavam a cena. "Mas em nome do meu sangue Char Moza e da sagaz tribo Elfos Selvagens dos Pantânos Fétidos e Escuros, eu Penel Lop juro que viverei até tu tornar-se o senhor deste vale."

"Desde que andei sob o mesmo sol que tu eu sabia
Destinado a te amar e sofrer eu viveria..."

"Estás louco" bradava um. "Quer trazer a destruição a nossa tribo" esperneava outro. "E tinhamos em ti tantas esperanças" lamentava o último dos anciões da tribo, que desde a morte do antigo líder tinham como responsabilidade treinar e auxiliar o futuro líder, que pela demonstração de suas habilidades acabou tornando Bri'o'Cu o provável sucessor.
"Além de voltar desonrosamente sozinho depois de comandar vários de nossos irmãos ao infortúnio, ainda há relatos de que encontra-se às escondidas com uma mulher que não partilha do nosso sangue." O mais velho dos anciões expunha o problema que a algum tempo vinha sendo acobertado, mas que agora tomava proporções maiores, já que muitos dos rakshasa já não confiavam em Bri'o'Cu para ser o novo líder. A estas acusações Bri'o'Cu escutava quieto pois sabia serem verdade, ele se amaldiçoava por não ser mais forte, mas seu amor por Penel crescia cada vez mais e já não se importava mais em ser o líder da tribo.
"Não gostaria de recorrer a tão extremo método, mas tu não me dás escolha Bri'o'Cu. A ti terei de impor a Ordem." Até os outros anciões tremeram ao ouvir a sentença. A Ordem era um antigo e terrível feitiço utilizado pelos Rakshasa para impor uma determinada vontade em uma criatura. Era pouco utilizado pois requiria componentes difíceis de encontrar, muito poder mágico e poderia causar sequelas irremediaveis tanto no conjurador quanto na criatura encantada. Apenas os anciões sabiam como utilizar esta magia e por isto eles também eram chamados de a Ordem.
A Ordem era clara. "Mate Penel Lop e todos os renegados com ela"
E assim saiu Bri'o'Cu a caça de sua amada, sem vontade própria a fúria de sua tribo somada ao poder mágico da Ordem o fez encontrar rapidamente a elfa e os renegados. Ao avistar Bri'o'Cu os renegados vieram lhe dar as boas vindas como sempre o faziam, mas foram sumariamente executados pelas garras afiadas do rakshasa. Sem entender os outros renegados rapidamente se colocaram em posição de combate e atacaram com todas as suas forças. Penel tentava argumentar com Bri'o'Cu, mas este não lhe dava ouvidos e somente combatia com uma máquina de matar. Em poucos minutos os renegados estavam em sua maioria mortos ou brutalmente feridos e de pé somente a elfa e um pequeno rakshasa.
"Não acredito no que fazes Bri'o'Cu. Achei que tu eras diferente. Vejo que me enganei, mas se tem algo que ainda posso fazer com meu poder é tentar cumprir a minha promessa." Enquanto dizia isto, começou a entoar um antigo cantico que Bri'o'Cu não o reconheceu apesar se conhecer o idioma élfico. Mesmo tentando desesperadamente parar de lutar seu corpo não o obedecia e partiu contra a elfa novamente.
Para surpresa de Bri'o'Cu a magia que Penel invocou não era de ataque mas uma magia que fez com que a criança rakshasa sumisse instantaneamente. Porém este ato custou-lhe caro. A garra de Bri'o'Cu atravessou o tórax da elfa, causando um grande ferimento que jorrava sangue. Naquele momento a sanidade de Bri'o'Cu voltou e com ela o desepero.
Lágrimas corriam de seu rosto enquanto clamava pelo nome de sua amada. Sem resposta. Passados alguns minutos Bri'o'Cu sabia que só havia uma coisa a fazer. Vingança. O poder da Ordem ainda corria pelo seu corpo, e ele havia visto o feitiço dos anciões o que bastou para ele fazer uma nova invocação da magia onde precisou apenas alterar a determinação.
"Destrua completamente a Ordem" Esta foi a vontade que Bri'o'Cu impos sobre si mesmo.

"A que futuro irei encontrar do teu lado
Entre as estrelas o sol ou o forcado..."

O solo da aldeia era rubro. Bri'o'Cu era impáravel. Poucos resistiam a mais de um de seus ataques. Os melhores guerreiros já tinham caído. Os magos na retaguarda esperavam pelo seu fim. E a Ordem invocava seu ultimo feitiço. Um feitiço tão antigo quanto a própria Ordem, uma magia de aprisionamento que sugava o corpo e alma do alvo e o aprisionava dentro de algum item mágico. Usaram como recipiente um anel que encontraram no baú de itens mágicos. O feitiço foi um sucesso, mas consumiu a vida dos três anciões da tribo. Enfim Bri'o'Cu fora aprisionado. O anel teria um destino estranho. Como última ordem os anciões mandaram que caso o feitiço tivesse sucesso o anel seria jogado em um rio de lava. Um rio famoso por destruir anéis mágicos. Mas não contavam que o poder e a força de vontade de Bri'o'Cu fariam o anel sobreviver até mesmo ao rio de lava. Mas assim o anel foi esquecido por gerações até cair nas mãos de Endo Well, um aventureiro da conhecida familia Well. Até cair nas mãos de Sinsalabim, por sorte ou por azar.

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"Tu falaste que era o último dos Rakshasa, mas como sabia disto?" Perguntava um fascinado Cerel H’lepis, que mesmo em seus anos de glória jamais imaginou poder encontrar um espécime da extinta tribo dos Rakshasa, que por tanto tempo ele havia estudado na Universidade. "Queria ver a cara de meus coleguinhas se ouvissem que eu Cerel H’lepis, descobri após milenios um exemplar desta raça." Pensava enquanto sorria deliberadamente.
"Pois fui eu que os destrui." Respondia Bri'o'Cu sem demonstrar expressão alguma.
Mur e Difarola não se manifestavam e apenas observavam atentamente Bri'o'Cu para atacarem no caso dele demonstrar alguma intenção violenta.
"Segundo a lenda que ouvi e vi transcrita em diferentes portas e banheiros de tavernas pelo mundo a fora, após selarem seu campeão Bri'o'Cu alguns rakshasa sobreviveram, mas foram destruídos na era da Escuridão Perene, quando todas as tribos rakshasa foram dizimadas por hordas de mortos-vivos." Ao ouvir isto Bri'o'Cu não conseguiu conter sua expressão e teve de perguntar mais detalhes sobre o episódio.
"Não tenho muitos detalhes, mas pelo que parece alguns anos depois de seu desaparecimento uma criatura das trevas dominou o vale das Mortes Infinitas, enfim fazendo jus ao nome e usando um exército de mortos vivos derrotou todas as tribos do vale. Todas sofreram fortes baixas, mas nenhuma raça foi perseguida como foram os rakshasa. Era como se os mortos tivessem algo forte contra eles."
E assim seguiu a discussão, mas Bri'o'Cu não pode deixar de sentir uma extrema inquietação após ouvir este relato.

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"E assim eu busco o seu caridoso perdão
E humildemente coloco minha cabeça ao chão...
4 cabeças de alho, 3 cebolas médias picadas, um leitão...desculpa página errada" Descupou-se Sinsalabim por ter pulado a pagina da parte de poesia para culinária. "Mas acho que já está bom."
"Será?" Murmurou Jah ainda inseguro.
"Bem ela está vindo vamos ver como tu se saiu."
A ent vinha com um caminhar firme e saiu do meio das arvores, assustando Sinsalabim. Ele pensou "agora fudeu", mas Jah sussurou contente. "Os olhos dela estão brilhando, conseguimos Sinsalabim."

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Em uma caverna, no meio de um pantano fétido e escuro, uma mão saiu do chão seguida de outra e logo o corpo todo saia daquele buraco. O corpo se movimentava como se acordasse de um sono profundo. A criatura procurou ao redor da caverna e logo encontrou em um canto um monte de objetos mágicos que fariam qualquer aventureiro vender a alma por eles. Sem dar muita atenção a eles, pegou um espelho cuja moldura era de ouro com esmeraldas. Observou seu rosto e percebeu que pouco mudara de quando ainda vivia. A pele estava mais pálida e o cabelo que costumava ser de uma cor dourada brilhante, era agora uma amarelo palha. Mas algo ainda brilhava. Mais que o verde das esmeraldas.
"Até que enfim minha espera acabou."

Uaaaaaaalllláááááá. Finalmente um background nesta história. Mas o que o destino reserva para Bri'o'Cu? Que fim levou Eutóku? Sobreviverá a bandinha de cordas e sopro aos amargores que aguardam nossos aventureiros? Terão os outros personagens suas histórias revelada futuramente? Aguardem


sábado, 24 de março de 2012

Capítulo 7: Do fim do terceiro dia e da solicitação de auxílio a Jah Biroba

Já fazia cinco horas que o trio formado por Sinsalabim (arrastando com uma corda Borgan III), Mur Ronusrim e Difarola Ceso havia saído do castelo. Além disso, Jah Biroba acompanhava a trupe, temendo os humores de sua companheira, Pau Ladinha. O confronto com Eutoku Utérror teria que esperar: ele havia saído em uma fuga desesperada, ao perceber que seus mercenários haviam sido completamente derrotados. Estava anoitecendo e o grupo achou mais prudente montar acampamento.

Após o choque inicial, a euforia em torno de Bri’o’Cu havia acalmado um pouco. Mas não muito, afinal havia uma cabeça humanoide-felina no traseiro de Sinsalabim. Ainda mais, a irritação pelo fato do rakshasa não calar a boca começava a ser maior que o desconforto de sua localização. Mas foi justamente pelo fato de Bri’o’Cu falar sem parar que os aventureiros logo ficaram a par da maldição do Anel do Endo e dos três dias para o seu exílio terminar. Aliás, o tempo se escoava rapidamente: faltavam apenas algumas horas para cessar o efeito do Anel sobre Bri’o’Cu.

- Devemos retornar a caçada à Eutoku assim que nascer o dia. Ele deve querer escapar da ilha assim que puder. – comentou Mur, fincando um espeto de manjobitchas perto do fogo. – Sinsalabim, espero que essa coisa aí não demore muit...

- Não te preocupes, meu bigodudo amigo – interrompeu Bri’o’Cu – a minha liberdade virá rapidamente! Aliás, vocês já podem se despedir do gurizão aqui... Tchau Sinsalabim... foi um prazer! Hahaha... nós realmente tivemos bons momentos, não?

- Sim, foram ótim... Cuméquié?!?!?!?! – espantou-se Sinsalabim.

- Putz, deixa de ser trouxa Sinsalabim... – redarguiu o raksasha. - Você realmente achou que eu ia sair tranquilamente desse lugar aqui, meio... constrangedor... e você ficaria ileso, na boa? O que provavelmente vai acontecer é que... bem... opa, Mur, tava pensando em liderar o seu grupo, pode ser?

- Vai se fo...

- Peraí! – interpelou Sinsalabim. – Não estou a fim de ser obliterado ou sei lá o quê! E se eu te empurrar de volta? É só dar uma boa sentada naquela pedra.

- O processo não tem volta depois de iniciado. Eu vou sair de qualquer jeito, não importa em que estado. Relaxa, Sinsalaba!!! – exclamou Bri’o’Cu.

Sinsalabim ficou congelado de horror. Seria esse o seu fim? Um otário falastrão iria sair pela sua porta dos fundos e tudo iria se acabar?

- Se pelo menos eu ainda tivesse o meu comunicador mágico... – lamentou-se Difarola, que o havia perdido no castelo.

- Pois é... eu também... – lastimou-se Mur, refletindo sobre o minúsculo artefato que insistia em não ser evacuado. – Se conseguíssemos achar nosso amigo, ele poderia ajudar.

A tristeza começou a se apoderar do grupo. Jah Biroba se encontrava um pouco afastado do fogo. Ninguém falava com ele e ele não falava com ninguém. Matutava sem parar sobre o seu próprio problema que se mostrava cada vez mais insolúvel.

Então, faltando duas horas para o fim do terceiro dia, todos ouviram uma risada sair do meio da floresta:

- Hiar hiar hiar... chefe você não vai acreditar no que eu fiz...

Todos se voltaram (menos Bri’o’Cu, por motivos óbvios) para a direção daquelas palavras e se depararam com um halfling muito idoso saindo do mato em direção à clareira, um sorriso estampado em seu rosto.

O sujeito não conseguiu prosseguir com seus dizeres, porque Mur Ronusrim, junto com Difarola Ceso, explodiu de alegria:

- Aí está você, seu velhote de uma figa! Hahahahaha! Finalmente, Cerel H’lepis! Já estava pensando que você tinha se explodido, se transformado em um suíno selvagem ou coisa parecida!

Alí estava o terceiro integrante do grupo: Cerel H’lepis. Quem o visse pela primeira vez, com seus cabelos brancos desgrenhados, sua roupa surrada e seu jeitão meio senil, talvez não acreditasse, mas o ancião halfling já fora outrora um poderoso e famoso feiticeiro, que teve músicas escritas sobre seus feitos. Agora, com seu passado de glórias misteriosamente para trás, ele integrava o grupo de Mur Ronusrim, cuja felicidade em revê-lo era justificada. A volta do companheiro por si só já era motivo de júbilo, mas havia ainda outra coisa: Cerel talvez tivesse os conhecimentos arcanos necessários para salvar Sinsalabim.

Mas o feiticeiro não deu muita atenção para as saudações. Ele estava orgulhoso demais do que havia feito:

- Hiar, Hiar... chefe, eu ateei fogo no barco de Eutóku! Apontei o dedo e BUM!!
Mur mal se continha com tantas boas novas:

- Maravilha! Imagino que cuidou de proteger nosso barco também, certo?

-Her...

- Cerel, nós atracamos nossa embarcação ao lado da caravela de Eutoku!

- Pois é... até pensei em lançar umas armadilhas protetoras, mas ia estragar a pintura...

O humor de Mur mudou rapidamente.

- Cacete! O que impede aquele cretino pegar nossa nau? Vamos ficar ilhados aqui!

- Pois é chefia...

- Gngngngng... Mur começou a salivar.

Sinsalabim estava na pior, sua dor piorara nos últimos minutos. Enquanto isso, em seu glúteo esquerdo, Bri’o’Cu se divertia. Jah Biroba não dava muita bola, pois verbalizava possíveis desculpas esfarrapadas para Pau Ladinha, como “Fui comprar charutos”, “Fui comprar cigarrilhas” e “Fui compra tabaco”.

Difarola intercedeu, acalmando o meio-elfo. O tempo de Sinsalabim estava acabando, e a guerreira rapidamente explicou para seu pequeno aliado o drama do nosso herói.
Felizmente, Cerel H’lepis demonstrou que conhecia um procedimento para alterar o alvo de uma evocação. Era uma mágica difícil, mas era a única saída de Sinsalabim. O grande aventureiro nem reagiu direito a essa oportunidade. O fim do terceiro dia se aproximava e ele se encontrava em estado de choque. O rakshasa não “curtiu” muito, pois temia possíveis efeitos colaterais da mágica.

Tudo foi feito às pressas. Colocaram Sinsalabim sobre um colcão de folhas. Ele estava na pior. A maldição profética que acometia o grandioso herói era extremamente antiga e poderosa. Dificilmente alguém conseguiria cuidar dela em tão pouco tempo. Mas Cerel H’lepis não se intimidou. Ele começou a proferir palavras em uma língua arcaica. Faltavam poucos minutos. Cerel parou de repente: “Não é esse o idioma correto... hiar, hiar...” disse baixinho para sim mesmo, constrangido. O halfling escolheu outra língua arcaica. Após alguns momentos ele parou novamente: “essa é muito bizarra”.

Faltavam 5 minutos. O traseiro de Sinsalabim brilhava intensamente. Cerel já estava no quinto dialeto arcaico. Bri’o’Cu tentava se divertir falando besteiras nas mesmas línguas que o feiticeiro proferia, confundindo-o, só para encher o saco. Mur não se aguentou: enfiou a sola de sua bota no beiço do rakshasa.

- ESCOLHE A PORCARIA DESSA LÍNGUA, PÔ! PEGA QUALQUER UMA! FALA QUALQUER SOM IDIOTA AÍ! SEI LÁ... WAKA WAKA TCHACA TCHACA TCHUM TCHANS!

- Essa é perfeita, chefia! – Cerel falou entusiasmado. Imediatamente começou a falar naquela língua há muito tempo esquecida. Fazia gestos estranhos. Tossia e escarrava regularmente (era de propósito ou não?). Finalmente, com uma mão, Cerel conjurou um poderoso raio de energia sobre Sinsalabim, e um segundo feixe de luz sobre um lago próximo.

Fim do terceiro dia.

Parecia que um torpedo havia explodido no lago. Em meio aos jatos de água que subiam, era possível ver um ser humanóide sendo ejetado bruscamente para fora do lago. Era Bri’o’Cu, que já estava há cerca de 15 metros do chão. Ele aterrissou suavemente em cima de uma pedra e ficou inconsciente.

Sinsalabim ainda se encontrava no bagaço, mas estava a salvo. Houve uma grande euforia, até Jah Biroba cumprimentou Cerel H’lepis. Bri’o’Cu foi amarrado e o grupo finalmente começou a discutir os seus próximos passos.

- Agora precisamos encontrar Eutoku Utérror o mais rápido possível! O problema é que vamos demorar muito nesse mato fechado – comentou Difarola.

- Sim, sim... demorei dois dias para chegar aqui... – lembrou Cerel.

- Precisamos de alguém que conheça perfeitamente a região! Mas onde vamos encontrar tal sujeito? ONDE? – gritou Mur.
Então os três quase que instantaneamente olharam para Jah Biroba. Ele retomara seus exercícios mentais, buscando alternativas para aplacar a fúria de Pau Ladinha.

- Jah Birobinha velho de guerra... chega mais... – convidou Mur.

O senhor da floresta parou com suas divagações e olhou estranhamente para o grupo. Mur continuou, indo na direção do ent.

- Putz, mas que galhos marombados que você tem! Você anda malhando, né? Hahahaha... E esse bronze? Só na prainha, hein? E esse musgo aqui? Que brilho intenso! Preciso disso para meu bigode! Você utiliza algum produto?

- Esterco de cupim atroz selvagem – murmurou Jah, não entendendo direito as pretensões do meio-elfo.

- Esterco de cup... fascinante. Pois é amigão... sabe, nós precisamos chegar do outro lado da ilha, mas estamos com um tantinho assim de pressa... e você é o dono do pedaço e...

- O quê?! – urrou Jah Biroba. – Tenho cara de batedor fuleiro ou coisa assim?! EU SOU O SENHOR DA FLORESTA! NUNCA IREI ME REBAIXAR A PONTO DE FICAR CONDUZINDO UM BANDO DE FORASTEIROS COMO VOCÊS!

- Sem dúvida... mas sabe, uma mão lava à outra... poderíamos ajudar você com seus problemas e você faz o mesmo com a gente.

- INSOLEN... hmmmm... peraí... você tem alguns cigarros aí? Só para poder dizer que eu fui comprá-los e tal... preciso falar algo para minha patroa.

- Peraí... e se colocássemos uns dentes postiços na história? Ficaria melhor e...

Então, começou uma discussão acalorada entre o ent e os três caçadores de recompensas. Sinsalabim estava fraco, mas consciente, e acompanhava apalermado as mais esdrúxulas desculpas que eram proferidas. Até que ele ouviu vozes no mato. Provavelmente ele teria avisado os outros, mas não teve medo porque ele reconheceu quem era.

Uma coisa rara então aconteceu: Sinsalabim teve uma ideia (possivelmente boa). Levantou-se e foi em direção aos sons. Ninguém notou sua saída, pois estavam muito empolgados procurando respostas para o drama de Jah Biroba.

Até que, em questão de minutos, Sinsalabim retornou. Chamou a atenção de todos.

- Olha quem eu achei! A solução de Jah Biroba!

Logo atrás de Sinsalabim se encontrava a bandinha de cordas e sopro contratada por Utérror, que havia se perdido no meio da floresta.

- E o que você espera que façamos com esses sujeitos? – redarguiu Difarola.

- Uma serenata! – Disse triunfalmente nosso herói.

A proposta pegou todos de surpresa. Na realidade, era melhor que todos os planos que haviam bolado até então. Jah Biroba enfim cortou o silêncio.

- Hmmm... vocês sabem alguma canção sobre comprar cigarros e...

- Senhor, nós somos músicos extremamente capazes. – Disse um dos integrantes da trupe. – Vou até mais longe, e digo que somos os maiores artistas dessa ilha desabitada! Por isso....

O menestrel foi interrompido por Mur Ronusrim.

- Isso pode funcionar! Vamos parar de enrolar e ir logo à morada de Pau Ladinha!

- Não! – cortou Jah Biroba. – Vocês quatro ficarão aqui. De repente precisarei cantar e sou meio tímido... nem a pau terei uma plateia maior do que o necessário. Só irá a bandinha e eu. Retornaremos ao amanhecer.

E assim aconteceu. O grupo não conseguiu dormir direito, tamanha a apreensão. Chegou o amanhecer, e Jah Biroba podia chegar a qualquer momento.

Qual será o resultado da serenata? Terá Jah Biroba se transformado em um bardo latino? O ent ajudará o grupo de aventureiros? E o que fará Bri’o’Cu, que apesar de amarrado, está livre do seu exílio?

quinta-feira, 15 de março de 2012

Capítulo 6: Do inicio do terceiro dia, da teimosia de Sinsalabim e da cabeça sem corpo

E a peleia era bonita.

A queda inesperada de Jah Biroba não só feriu alguns soldados como também o próprio Eutoku Utérror, que achou melhor retirar-se para planejar melhor suas defesa, como também criou um belo teto solar no salão de armas.

Mur Ronusrim fazia jus ao seu bigode de justiceiro e confrontava ferozmente três soldados inimigos. Um rápido ataque de um deles o fez recuar enquanto os outros dois realizaram uma estocada contra o guerreiro. "estes ae, não fazem parte da tal Companhia de Capangas." pensou Mur, enquanto bloqueava um dos golpes com sua espada e era ferido no braço pelo outro. Irritado, coçou o bigode enquanto aguardava os soldados se reposicionarem, e desta vez ele que partiu pro ataque.

Difarola Ceso que já era também uma guerreira experiente, não assustou-se com a queda inesperada da arvore no meio do salão, e rapidamente esgueirou-se até as estandes de armas. Olhou alguns segundos pra opções disponíveis: arcos, machados, espadas, glaives e uma lança curta belísima, pretegida por uma redoma de vidro com os dizeres em vermelho fontes 50 "NÃO TOQUE". Difarola era inteligente o suficiente para resistir a tentação e acabou escolhendo um machado de execução. A cena seria cômica se não fosse assustadora. O machado era gigantesco em comparação ao corpo de Difarola, mas ainda assim ela o movimentava com maestria derrotando rapidamente os soldados que ousavam aproximar-se.

A bandinha de cordas e sopro, também não era novata e não deixaram intimidar-se pelas cenas que viam. Dois soldados feridos, foram arremassados em direção a banda que magistralmente desviaram-se enquanto entravam em uma estrofe da música "...assim seguiu a tosquiação. NÃO! PASMEM! NÃO! não era uma ovelha não..."

Jah Biroba usava todo seu conhecimento de arvore centenária para manter-se primorosamente estático. Sentia perninhas correndo por cima dele, corpos que eram arremesados contra seu tronco e ainda assim Biroba nem mexia. Sabia que qualquer movimento poderia atrair a atenção de Pau Ladinha e ai sim ele corria um sério risco de nunca mais voltar a mexer.

Sinsalabim não queria ser o único ali na sala sem demonstrar suas habilidades, então resolveu fazer o que sabia melhor. Inigualavelmente.......escondeu embaixo de uma mesa. "que heróizinho mequetrefe você, hein?" caçoava uma voz que parecia sair de dentro do próprio Sinsalabim. Sinsalabim olhou ao seu redor para ver se encontrava o dono da voz, mas não a localizou. "para com esta covardia e vira de uma vez um homenzinho", continuava a voz a atormentar Sinslabim. "se você não fizer nada provavelmente os dois ali vão morrer, faça as contas são 15 contra 2." Sinsalabim, parou e pensou levantou-se da mesa e respondeu "7 e meio".
"Ai que burro.....olha aqui o Sinsalabim, faz o seguinte: corre até as armas ali no canto pega uma legal e depois parte pro combate, ok?" Tentou mais uma vez a voz.
" Mas eu não sei combater"
"Depois a gente resolve isto....que que está esperando, já pegou alguma arma?"
Muito contrariado, Sinsalabim sorrateiramente foi até a estande e viu enquanto Difarola, pegava seu machado. "Não precisa ser nada ssim tão brutal, né?" Sem ouvir resposta olhou para as opções e não deixar de admirar a beleza de uma lança curta que estva em um pedestal no alto. Sem pensar duas vezes Sinsalabim quebrou o vidro que a protegia sem nem mesmo ler o aviso que estava escrito em letras garrafais. Tão logo quebrou o vidro, de algum lugar da parede um raio surgiu e atravessou Sinsalabim que gritava de dor. A magia nem era tão poderosa mas Sinsalabim tinha este pessímo habito de gostar de gritar.
Quando se recuperou da dor Sinsalabim estava de frente para a lança, porém no próprio ar surgiam algumas palavras que desta vez ele as percebeu. "NÃO HAVERÁ MAIS UMA CHANCE, TOQUE A LANÇA E NÃO SOBREVIVERÁS" Sinsabim estremeceu e estava próximo de pegar uma pequena faquinha, quando novamente escutou a voz que agora parecia mais próxima. "Não se deixe enganar Sinsalabim, a magia de defesa já era. Agora é só correr pro abraço."
Animado pelas palavras do além, Sinsalabim não teve dúvidas e tacou a mão na lança. Tão logo seu dedo a enconstou dois jatos de fogo azul sairam do pedestal em direção ao herói. Sinsalabim sentiu como se todo o seu corpo queimasse intensamente, os gritos que ele dava desta vez não eram exagerados. Depois de alguns minutos de agonia, Sinsalabim foi despertado pelo barulho de dois corpos arremesados contra a banda e o verso que eles cantavam vigorosamente, a dor passou e ele percebeu que não estava machucado de verdade.
"Pare de chorar, era apenas uma magia de ilusão, vamos Sinsalabim toque nesta lança." a voz que desta vez era totalmente clara e audível.
"Não quero."
"Toque nela seu vagabundo"
"Não por favor, eu não quero morrer." choramingava Sinsalabim.
"Se você não toca-la os seus companheiros vão morrer e depois vai ser você que vai morrer. Então pegue esta maldita lança."
" Tá bom." desistiu Sinslabim, enquanto seus dedos iam em direção a lança novamente. E uma nova mensagem surgiu na sua frente. "VOCÊ É RETARDADO POR ACASO? TU QUER MORRER NÉ? TU TÁ PEDINDO MACHÃO. VAI LÁ PEGA. E OLHA O QUE TE ACONTECE."
"Foda-se" disse Sinsalabim ao retirar a lança, já preparado para sua morte. Porém nada aconteceu, ou assim ele pensou. Mas tão logo o alívio veio ele também foi. O chão da sala começou a tremer e quando Sinsalabim percebeu a sala estava diminuindo. O chão estava subindo, ou seja, todos seriam esmagados.

"O que eu fiz, o que foi que eu fiz?" chomaringou Sinsalabim, novamente escondido debaixo da mesa, mas a voz ainda não havia o abandonado. "É só você colocar alguma coisa no lugar da lança e provavelmente a armadilha pára."
"Provavelmente?"
"Eu também não sou onipresente, onipotente e onisciente"
"O que?"
"Deixa pra lá. Só faz o teste"
"o que eu vou colocar no lugar desta lança? Tem que ser algo como um bastão? Uma vassoura? Ou quem sabe um...." Sinsalabim parou, e descobriu a solução para seu problema. Um galho de árvore. Tentando como todos na sala, manter-se em pé já que a sala ainda tremia e estava cada vez diminuindo mais, foi até a arvoré caida no chão, escolheu um belo galho de tamanho semelhante ao da lança e usando o joelho o quebrou com bastante dificuldade. Dez joelhadas foram necessarias para arrancar o galho. E rapidamente ele o colocou no pedestal no lugar da lança. O chão parou de tremer e retornou rapidamente para o lugar. E quando tirava a mão do galho Sinsalabim sentiu mais uma vez uma descarga elétrica percorrer o seu corpo. "TOMA QUE TE MANDARAM INFELIZ" era a mensagem que desaparecia no ar.

Recomposto Sinslabim estava de lança na mão e na outra um escudo adaptado usando o dente postiço de Jah Biroba, numa cena heróica, pronto para derrotar quem aparecesse em sua frente. E qual não foi sua surpresa quando percebeu que todos os inimigos já haviam sido derrotados. "Toda aquela dor, pra nada?" resmungava Sinsalabim enquanto caminhava junto de Mur e Difarola por cima da arvore, para fora da sala em direção ao corredor por onde fugiu Eutoku. Atras deles andava a banda que já havia guardado seus intrumentos e iam embora, visto que haviam recebido cachê para somente uma batalha. E lá no meio da sala, olhando para o céu pelo gigantesco buraco que ele mesmo havia feito, um ent divagava consigo mesmo. "Como eles iriam ser esmagados se tem um buraco gigante no teto?"

Depois de dormirem um pouco em alguma dependencia do forte, os aventureiros avançavam em direção ao confronto final com Eutoku Utérror. Havia sido Sinsalabim que descobriu aquelas dependencias, visto que se tinha alguma coisa em que era bom, era em descobrir locais para esconder-se.
"Parabens Sinsalas até que tu não é tão inútil como eu pensava" parabenizava Mur ao dar um tapa nas costas de Sinsalabim.
"Negativo. Ele é extremamente inutil." disse a voz que tanto havia incomodado Sinsalabim, e que agora estava extremamente próxima. Tão próxima que ele poderia jurar que estava na sua própria bunda. E qual não foi a sua surpresa ao olhar para sua nádega esquerda e ver grudada nela a cabeça de uma estranha criatura sorrindo para ele, ou o que ele achava que devia ser um sorriso. A cabeça era a de um tigre, com algumas caracteristicas humanas.
"Que merda é essa?" gritaram em uníssono Sinsalabim, Mur e Difarola.
"Merda não. Olha o respeito." rugiu a criatura que mesmo naquela comica posição ainda impunha muito medo. "Muito prazer me chamo Bri’o’Cu, senhor da Terra-Média, jurado inimigo da Ordem, ultimo dos Rakshasa." Declarou solenemente a cabeça.

Metade do terceiro dia.

E finalmente Bri’o’Cu dá suas caras, ou melhor sua cabeça? Sinsalabim aguentará a mais esta abominação? Será que Bri'o'Cu conheçe o Frodo? O que tramará Eutoku e que fim levou o último integrante do grupo de Mur? Esperaremos infinitamente por mais um post?


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Capítulo 5: Do Segundo Dia e Da Incrível Invasão do Valhacouto de Eutoku Utérror

Bri’o’Cu
A pena para a tua insolência
Será 1000 anos de penitência
Que o exílio no desconhecido
Faça você refletir sobre a tempestade que nos tem acometido

Escrito encontrado em um encarte anexado ao “Manual do Churrasqueiro Alegre – Gold Edition”.

(A lenda diz que o encarte da edição Platinum vinha com gravuras, mas são apenas boatos).


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Se o Anel sair de Só-Tem-Pedreira, o tempo se escoará: três dias, dois alertas.
O primeiro aviso: a dor terrível, atormentando o portador como Bri’o’Cu atormentou a Ordem.
O segundo aviso: a luz de alerta, constrangendo o portador como Bri’o’Cu constrangeu a Ordem.

Escrito encontrado na porta da capunga de uma antiga taverna chamada “O Covil Inconvenientemente Secreto e Misterioso”.

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Sinsalabim e Mur tiveram dificuldades para encontrar um local apropriado para que pudessem recuperar as energias. Sinsalabim estava com o crânio quase moído depois da cabeçada que aplicou em Jah Biroba e, além disso, seus glúteos seguiam brilhando como fogos de artifício. Mur Ronusrim estava capenga também. A queda para ele não havia sido tão macia, pois o meio-elfo caiu direto em uma carroça oculta no feno.

Felizmente, conseguiram os trajes dos guardas, mas o estranho fenômeno que atingia a bunda de Sinsalabim atrapalhava tudo. Portanto, decidiram procurar o local mais reservado possível para descansar.

O forte era pequeno: se resumia a uma muralha que cercava um pequeno complexo, cujo principal edifício era um castelo, onde a torre servia de farol. Além disso, tudo parecia meio detonado, em ruínas. Apenas a muralha estava bem conservada. O reduto escolhido acabou sendo o estábulo local.

A sorte de Sinsalaba e Mur é que as chances de alguém encontrar eles por acaso era muito difícil. O motivo era a roupa sendo lavada no outro lado da muralha. A maioria da guarnição estava se entretendo vendo a acalorada discussão entre Jah Biroba e Pau Ladinha. Quer dizer... não era bem uma discussão, porque Jah ficava proferindo, com a voz mais suave que um ent pode utilizar, desculpas idiotas para Ladinha, enquanto esta rugia em profunda cólera (seu humor variava de forma espetacular).

O ambiente do estábulo era imundo, fedorento, nauseabundo. Apenas um cavalo povoava o estábulo. Mur jogou Sinsalabim em um monte de palha e logo em seguida tombou também, dizendo:

- Bem, a gente tem que dar um jeito nessa luz aí... se sairmos por aí, ela vai nos entregar no ato. E precisamos nos apressar, porque depois que recebi o sinal no meu comunicador mágico, não peidei mais nenhuma mensagem de meus companheiros. Eles podem estar em apuros!

Percebendo a gravidade e urgência da situação, Sinsalabim acionou as partes mais profundas de seu cérebro para bolar um plano espetacular que os fizessem sair dali em segurança:

- Será que poderíamos utilizar a bosta daquele pangaré como isolante da luz?

- Não...

- E se eu engatar aqui atrás aquele balde de ferro ali... a luz não teria por onde escapar!

- Não...

- E se eu entrar naquele caixote de ração, me ocultando totalmente, apenas fazendo um buraco na região dos fundilhos? Você poderia dizer que eu sou uma luminária moderna ou uma lanterna exótica.

- Não...

- E se apenas utilizarmos a desculpa que eu fui mordido por um vagalume radioativo e ganhei superpoderes?

- Você é doente?

- E se...

- Cale a boca.

Mur ficou preocupado. A cabeçada teria deixado sequelas naquele sujeito? Ou pior, ele era assim mesmo? Com aquela luz que vertia das calças de Simsalabim, todo o plano de furtividade de Ronusrim estava acabado. O jeito seria emplacar um ataque aberto.

Mas, de repente, o brilho cessou. Sem nenhuma explicação. Ambos não entenderam nada. Nem tentaram entender. Apenas descansaram mais um tempo e decidiram entrar no castelo.

Quando saíram para o pátio em direção a uma porta de acesso, conseguiram ouvir o embate entre o casal vegetal lá no lado de fora. Os guardas, povoando as ameias, gritavam fervorosamente, torcendo, apostando. Uns até tentavam ajudar Jah Biroba:

- Você foi comprar cigarros, não se lembra? – lembrou um, convenientemente.

- Calma madame, ele estaca procurando o dente postiço!! – gritava outro.

Sinsalabim e Mur se aproveitaram de tal distração e adentraram o castelo. Os disfarces ajudaram os dois a chegar ao topo do farol, onde imaginavam que encontrariam Eutoku Utérror. Mas lá encontraram apenas uma cela. Dentro dela, uma mulher.

- Difarola Ceso!! – Berrou Mur. – Você foi capturada!

A prisioneira pertencia ao grupo de Mur Ronusrim. Mas o meio-elfo bigodudo não teve tempo de soltar a aliada. Sua ação foi interrompida por uma voz:

- Alto lá! O que você pensa que está fazendo? – Disse um guarda, que saía das sombras com a lança em riste.

- Calma, chefia... Viemos alimentar a prisioneira... – blefou sabiamente o calculista Simsalabim, sacando a única coisa que encontrou no bolso. Ele prosseguiu: – ...com esta pedra besuntada com seiva de...

- Nunca vi vocês aqui... espera aí!! Ali no crachá de vocês está escrito “Chin Eludo” e “Grud Grud”. Vocês não são eles!

- Fomos desmascarados, Simsalabim... vamos lutar! – urrou Mur.
Nosso herói estava concentrado demais formulando seu embuste para se dar conta do ocorrido.

- ... Não se deixe enganar pelas aparências, amigo. Este raro tipo de pedra, quando ensopada com a seiva do Senhor da Floresta, fica uma delícia e... eu até vou morder para te mostrar.

- Espere um momento. Vocês são heróis-aventureiros-que-vieram-atrás-do-terrível-Eutoku-Utérror? – Nesse momento, o sujeito desmontou sua posição de guarda e jogou a lança no chão. – Não posso lutar com vocês. É inútil.

- Perdão? – indagou Mur.

- Creck!! – onomatopeizou a pedra.

- Ahhhh!!! – berrou de dor Sinsalabim, apenas agora se dando conta do comportamento pacífico do guarda.

- Vejam... De acordo com a minha Companhia de Guardas e Capangas da Costa Norte, onde eu trabalho, e que foi contratada por Eutoku, eu não preciso atacar sujeitos heróicos. Tipos como nós sempre perdemos para eles. Até porque, se vencêssemos, não teria aquele clímax com o chefe e tal... Então, vocês podem pegar a prisioneira ali e ir embora.

- Isso sempre funciona? – perguntou Mur.

- Claro que não! Além disso, existem outros Sindicatos, Companhias e Associações que possuem outras regras...

- Então tch...

- Pera aí, pera aí... deixa eu te dar um soco no estômago e depois você me dá uns tapas, assim pelo menos a gente tem uma açãozinha e tal...

Depois do duelo entre Mur e o guarda, o trio deixou a torre. Foi decidido que eles iriam até o salão de armas, pois o guarda afirmou que lá Eutoku Utérror passava boa parte de seu tempo.

Mur estava feliz de ter encontrado Difarola, mas havia mais um membro de seu grupo que não havia mostrado as caras. Mas tal problema teria que ser resolvido depois, pois o grupo chegou arrombando a porta do salão de armas (uma boa “dentada” de madeira resolveu o problema) e finalmente se depararam com o terrível Utérror.

O sujeito utilizava uma armadura de couro e uma capa marrom, que cobria boa parte de seu corpo. Possuia costeletas enormes e cabelos longos. Assim como Mur, era bigodudo, mas o seu era menos espesso e mais trabalhado. Ele jogava dardos alegremente em um alvo com a gravura de Mur Ronusrim. Em sua volta, cerca de 15 soldados o aplaudiam a cada arremesso. De repente, com a chegada dos visitantes, todos pararam e olharam os recém-chegados. Um silêncio profundo se seguiu. E então o caos estourou.

Eutoku mandou seus homens atacarem. Mur Ronusrim e Difarola Ceso avançaram também, pois não tinham como fugir. Logo ao lado, a bandinha de cordas e sopro que Utérror havia contratado para animar o ambiente, sem nada mais a fazer, começou a tocar e berrar a tradicional canção do centro-sudeste-continental, “Tosquiei meu cachorro pensando que fosse uma ovelha”. Além disso, Sinsalabim viu o Anel do Endo começar a brilhar intensamente e sentiu uma fraqueza repentina, além de que a voz na sua cabeça começou a contar piadas velhas. Como se não bastasse, Jah Biroba trespassou a parede de pedra da fortaleza como se fosse manteiga, estatelando-se no meio do salão. Ele havia sido arremessado violentamente, contra a sua vontade, por Pau Ladinha (não era possível dizer se isso tinha sido uma demonstração de afeto ou ódio).

Fim do segundo dia.

E agora? O que vai acontecer nessa fuzarca toda? Onde estará o(a) último(a) integrante do grupo de Mur Ronusrim? E o que ocorrerá quando o terceiro dia chegar ao fim?

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Capítulo 4: Do Primeiro Dia e do Encontro com o Senhor da Floresta

Já estava amanhecendo quando Sinsalabim e Mur desembarcaram de Borgan III e iniciavam sua investida contra a fortaleza de Utérror, ainda perdido sobre o plano de ação Sinsalabim tentou recorrer ao seu salvador "Manual do agente secreto para idotas", porém tristemente lembrou-se que o havia perdido em meio a guerra de Só-Tem-Pedreira, então teve de perguntar a Mur sobre o que iriam fazer, mas não sem antes prometer a si mesmo que haveria de conseguir um outro exemplar tão logo surgisse a oportunidade:
- E ae Mur, vamos entrar pelo frente abrindo o açougue ou usaremos a famosa técnica do horse-boy entregador de pizza?
-E aonde diabos eu vou achar um cavalo agora pra usar isto Sinsalabas? A menos que você esteja pensando em ser o cavalo....
- Eu podia fazer uma crina com umas folhas de manjuba....
- Cale a boca Sin, é obvio que isto não vai rolar....está na hora de usar a primeira de minhas famosas táticas de guerra....chamada de.......PROCURAR A PORTA DOS FUNDOS.....huahuhauhauhau, meu mestre ficaria orgulhoso de mim agora.
Enquanto dizia isto pegou Sinsalabim pelo braço e juntos começaram a furtivamente dar a volta na fortaleza.
Porém pararam de súbito e tristemente Mur ajoelhou-se e foi obrigado a choramingar:
-Não tem porta dos fundos........

-E agora mestre, o que faria nesta situação? - filosofava Mur enquanto pensava no seu professor aclamado líder guerreiro e pensador nas horas vagas.
- O seu mestre eu não sei mas eu vou adiantar o meu disfarce de pangaré, já que tenho certeza que seria isto que meu tão querido manual me aconselharia, isto ou "invadir o local, matar todo mundo, pegar a mocinha e ir em direção ao pôr-do-sol".
-Mas não tem garota nenhuma....
- Por isto a fantasia.
E dizendo isto Sinsalabim já corria como uam gazela saltitante para o meio da floresta fazendo a maiora algazarra enquanto Mu se recompunha e o seguia desesperado. Enquanto procurava uma arvore para retirar o material necessario para o disfarce, Sinsalabim deu de cara com uma arvore gigantesca no meio da mata em uma clareira e para não se ter mais duvidas sobre a importancia da arvore ainda havia uma plaquinha com os dizeres "árvore sagrada, não tocar" algo que nosso héroi prontamente ignorou.
-Nossa que arvore gigante! Tenho de gravar meu nome nela - e dizendo isto foi logo raspando seu nome na arvore com a ajuda de uma pedra. Estava terminando quando Mur apareceu correndo apenas para fica mais branco ao ouvir um enorme rugido alto o suficiente para se ouvir a léguas submarinas de distancia.
-UUUUUUUUUUUUUUUUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII, que dodói. - este foi o rugido que ouviram os aventureiros, sem saber de onde vinha. Até que a arvore começou a se movimentar e a criar uma forma humanóide, enquanto olhava para aquelas pequenas criaturas (com o que deveriam ser os olhos).
-Quem de vocês ousou machucar a mim, o Grande Jah Biroba, senhor desta floresta?
Mur e Sinsalabim apontaram um ao outro a diferença que Mur usou seu dedo enquanto Sim usou a pedra que ainda escorria seiva para apontar para Mur enquanto diziam simultaneamente: - Foi ele!!!!
- Bom pequenhas manjubitchas não precisamos entrar em atrito já que nem doeu tanto assim e eu bem que precisava acordar, já fazia um bom tempo que estava dormindo estava na hora de acordar. Analisando a posição do sol, a conjuctura da luz das estrelas (em pleno meio-dia), a massa corporal das minhocas nas minhas raízes e usando Bháskara eu calculo que dormi por aproximadamente......CARALHO 250 ANOS....puta merda que sono mais longo, acho que bati meu próprio recorde....mas uma coisa agora me abalou que história vou contar a minha noiva Pau Ladinha, pra explicar todo este tempo fora de casa. Já sei. Como desculpas por terem me ferido vocês pequenas manjubitchas vão me arrumar uma desculpa para quando chegar em casa - finalizou Jah Biroba enquanto apontava (com o que eu deveria ser o seus dedos) ameaçadoramente para os dois pequenos coitados.

Mur: - Bom você poderia dizer que saiu pra comprar cigarros...(Ok, e depois?) Não sei, só pensei até esta parte. (Próximo)
Sin: - Diz que perdeu o dente postiço. (Mas eu nunca tive dente postiço)
Mur: - Você estava fora buscando vingança...(contra quem? deixa adivinhar você não pensou nesta parte)
Sin: Roubaram seu dente postiço (Ainda a história do dente, tu tem algum problema com dente postiço?)
Mur: - Esta é boa você......estava andado pela floresta quando......se perdeu. (Grrrrrrrr....eu sou a Porra do Senhor da Floresta como eu poderia me perder em casa?)
Sin - Você se perdeu quando estava buscando vingança contra quem comprava cigarros usando seu dente postiço. (você só misturou tudo, e porque raios alguem compraria cigarro usando um dente postiço????)

- CHEGA CHEGA, voces sao uns inuteis não vou mais perder meu tempo com pequenas criaturas sem cérebro como vocês acho que terei de levar seus cadaveres como um presente para Pau Ladinha - bradou Jah Biroba enquanto investia com seus longos galhos(que deveriam ser seus braços).
Sinsalabim que tudo que sabia na vida era desviar do perigo não estava tendo muita dificuldade em esquivar-se dos ataques de Jah, porém Mur que não era tão atlético assim, estava tendo maiores dificuldades e Jah se aproveita disto e já o estava encurralando e preparando seu golpe final exterminador em Mur, que provavelmente o teria exterminado se não fosse a intervenção de Sinsalabim.

Sinsalabim rapidamente percebeu que Jah mirava seus ataques no lento Mur, e logo estava fora do alance do inimigo, e poderia fugir tranquilamente e já começava suas passadas em direção a liberdade, quando parou de súbito e voltou para socorrer seu companheiro. Pode ter sido o sentimento de companheirismo, ou pode até ter sido o cansaço de ser um covarde e vontade querer ser um herói pelo menos uma vez na vida, ou quem sabe o medo da solidão numa terra estranha, talvez algum destes possa ter sido o motivo que impeliu Sinsalabim a porteger Mur, mas é certo que a imagem de uma arvore com quase o dobro do tamanho de Jah Biroba, correndo destruindo tudo pelo meio do caminho e gritando (Jah. Meu amorzinho você finalmente acordou) influenciou fortemente a decisão de Sin.
Mas lá estava Sinsalabim ao lado de Mur pronto para levar o golpe final e sem saber o que fazer, quando uma voz surgiu na sua cabeça lhe passando instruções para sobreviver ao combate. Sem opção melhor no momento e jpa acostumado com estas coisas de vozes estranhas na cabeça Sinsalabim fez o que a voz lhe indicou e rezou pra desse tudo certo. Mandou Mur se segurar nele e enquanto isto concentrou toda sua enegia na bunda (?!), que começou a brilhar com a força de mil sóis e mais rápido do que o soco de Jah, Sinsalabim voou contra a arvore lhe acertando uma forte cabeçada na boca (ou no que deveria ser a boca) e ainda por cima a força do golpe acabou lhe atirando por cima do muro do forte. Tudo isto enquanto sentia um calorzinho esquisito nas costas que ele nem quis imaginar se Mur teria algo a ver com isto.

Aterrisaram usando a melhor performance de saco de batatas, por sorte em um monte de feno próximo dos estábulos, Mur diria que não foi graças a sorte, mas sim graças a uma das técnicas de guerra, REZAR PELOS MELHORES RESULTADOS. Levantaram meio cambaleantes e logo foram abordados por dois soldados que vieram averiguar o barulho. Enquanto Sin ainda estava exausto pelo uso de seu poder e tentava pensar em alguma coisa pra fazer, logo viu os dois soldados serem nocauteados por Mur usando uma arma meio esquisita que lembrava um pedaço quebrado de madeira. Tiraram a roupa dos soldados e os amarraram num canto escuro. Vestiram as roupas e decidiram que estava muito cansados para fazer algo naquele dia, iriam procuram um lugar pra comer e dormir e no outro dia continuariam a procura por Utérror. Mas Sinsalabim não conseguiu conter a curiosidade:
-Que arma é esta?
- Sei lá, tava grudada em ti na hora que tu deu a cabeçada na arvore. É util por via das duvidas vamos guardar.
E dizendo isto Mur guardou o que para ele era um pedaço torto de madeira... Mas que para Jah Biroba (deveira ser seu dente postiço).

Fim do Primeiro dia

Será que uma ideia tão batida quanto se disfarçar com uniforme inimigo vai ser suficiente numa história eletrizante quanto está? Quem será a voz misteriosa na cabeça de Sinsalabim? Mur é ou não um fanfarrão? Jah Biroba conseguirá manter seu relacionamento com Pau Ladinha? Esperaremos

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Capitulo 3: A Profecia

Logo após começar, Mur interrompeu a corrida e disse:

-Mas eu sou muito burro, até parece que não fui treinado nas 27 artes táticas de guerra e 3 de Batalha Naval. A sua jangada ainda flutua certo?

-Mas é claro, flutua tão bem quanto um marreco em um lago calmo – mentiu Sinsalabim, torcendo que a mistura de algas, gordura de lula e cuspe de camarão ainda impedisse a água de entrar em Borgan III – mas qual das 27 artes táticas de guerra vamos usar? – indagou nosso intrépido herói.

-Depois lhe conto. – respondeu Mur – Vamos pegar seu barco!
Proferindo essas ultimas palavras, Mur golpeou a árvore mais próxima a derrubando e, com velocidade inumana, ele tinha feito um remo.
Já lançados ao mar, Mur começou a falar:

-O meu plano é surpreender Eutoku, como meus comparsas estão indo por terra, esse mentecapto tentará fugir pelo mar. Mas que merda é essa seu traseiro estão brilhando? – interrompeu Mur, vendo o foba de nosso herói brilhando mais que uma super nova.

O que estava acontecendo fazia parte da maldição do Anel do Endo. Sinsalabim não sabia, mas esse artefato mágico criado em Só Tem Pedreira tinha poderes cataclísmicos caso fosse retirado da sua terra natal, a púnica capaz de conter tamanho poder. O guardião do Anel, Endo, era a única pessoa que não sofria com a maldição.
Sem nenhuma educação, Sinsalabim interrompeu a narração da historia para falar:

-Ah, meu cú já tá doendo a tempo, mas como eu fui treinado por Hera Ben’Sadik, estou acostumado a suportar a dor.

Mal sabia ele que a dor insuportável que sentira desde que saiu de Só Tem Pedreira era o início da maldição. Os profetas do passado profetizaram essa profecia. O primeiro sintoma era que o portador do Anel sentiria uma dor inexorável. O segundo estágio seria que o fiofó do portador começaria a brilhar intensamente. A partir desse momento, nada poderia ser feito, e o poder do Anel evocaria Bri’o’Cu, O Beiçudo, uma criatura mágica que faria até os extintos Prutz tremerem de medo. Mas isso demoraria 3 dias.

Infelizmente nossos aventureiros não sabiam da profecia, e continuaram tramando um plano para atracar nas ruínas e surpreender Eutoku.

-Bom... – disse Mur - ... com essa joça, eu pretendo encurralar nosso inimigo. Você está vendo aquilo? – perguntou Mur apontando para uma formação arquitetônica que começava a aparecer no horizonte.

-São as ruínas onde ele está? – Indagou Sinsalabim.

-Óbvio! Esperava que eu dissesse que era a casa do Patinho Rosa? Vamos, reme mais rápido, quando chegarmos lá usaremos as Táticas que mencionei. Você vai na frente!

Sendo assim, nossa dupla implacável estava prestes a descobrir se era forte o suficiente para derrotar Eutoku. Silenciosamente, eles atracaram nas ruínas e saíram de Borgan III.


SERÁ QUE ELES CONSEGUIRÃO? SERÁ QUE A PROFECIA SE CUMPRIRÁ? SERÁ QUE O PRÓXIMO POST RESPONDERÁ ALGUMA PERGUNTA?